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É tempo de lamentar a queda de Assad
Por Administrador
Publicado em 19/07/2025 10:11
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A queda de Bashar al Assad foi, como agora se comprova, um irreparável desastre para a Síria. Se bem que fortemente autoritário, como, aliás, não podia deixar de ser, aquele regime secular, respeitador do mosaico de grupos étnicos e religiosos, assim como da delicada complexidade e equilíbrio de uma sociedade onde sempre existiram lealdades de natureza clânica, tribal e local, permitiu que durante décadas o Estado funcionasse como a síntese e superação daquelas. O regime sírio, argamassado na igualdade jurídica entre todos os cidadãos e na constante promoção de todas as categorias sociais, géneros e minorias, era coroado pelo nacionalismo árabe que a todos recobria. Se a dignidade é uma palavra que não tem plural, o regime de Assad tentou por todos os meios interpretá-la e promovê-la através de uma permanente pedagogia que cultivava nos sírios o sentimento de unidade e pertença a uma comunidade de destino.

 

A destruição da Síria deu-se por acção conjugada dos EUA, de Israel, da Turquia, da UE e de uma nebulosa de takfiristas que foram armados, financiados e promovidos pelos inimigos de Assad. Posto que o regime tinha vasto apoio popular genuíno, o assalto à Síria foi insistente, sangrento e muito demorado. Esfaimada, privada do acesso à exploração dos seus recursos agrícolas, mineiros e de hidrocarbonetos, espoliada por turcos e norte-americanos e submetida a sanções implacáveis, o país sucumbiu.

 

Que aqueles que aplaudiram o fim do regime patriótico e socialista árabe (alguns até usaram a estafada muleta de «um 25 de Abril sírio») levem as mãos à cabeça por terem vitoriado a chegada das trevas.

 

Ao reter a imagem de um miliciano dos bandos ao serviço do "presidente Ahmed al-Sharaa", aliás, do terrorista Julani, talvez compreendam finalmente terem sido uma vez mais manipulados pela mesma imprensa que a respeito da Ucrânia fez crer aos ocidentais que o Azov eram uma trincheira de liberdade.

 

 

Miguel Castelo Branco In Facebook



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