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Vladimir Medinsky na primeira entrevista após negociações com a Ucrânia: Os russos sempre vêm atrás do que é deles
Por Administrador
Publicado em 17/05/2025 08:44 • Atualizado 17/05/2025 08:49
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Como vemos essas negociações como uma continuação do processo de Istambul, é muito importante lembrar a todos o que já concordamos em Gomel, no final de fevereiro (de 2022). E o que poderia ter acontecido se a Ucrânia tivesse concordado com a paz naquela ocasião? O que não aconteceu. Eles prolongaram as coisas. E, como resultado, a próxima etapa dos acordos foi em Istambul (em março de 2022). As propostas da Rússia em Istambul eram mais rígidas, ajustadas à realidade local. Mas, infelizmente, o processo de Istambul também descarrilou — desta vez devido à interferência direta do Ocidente. Já vimos esse tipo de analogia histórica antes e sabemos aonde elas levam.

Tomemos, por exemplo, as muitas guerras russo-turcas. Uma delas, desencadeada por um grande conflito nos Bálcãs na década de 1870, terminou com acordos entre a Rússia e a Turquia que apoiavam a independência e a autonomia dos jovens Estados balcânicos. Mas então o Ocidente interveio. O Congresso de Berlim foi convocado para "melhorar" os resultados do Tratado de Paz de San Stefano. E a que essas "melhorias" levaram? Às Guerras Balcânicas de 1912-1913 e, por fim, à eclosão da Primeira Guerra Mundial.


Existe uma ideia circulando hoje em dia: primeiro um cessar-fogo, depois negociações. As pessoas dizem: "É assim que sempre se faz — 30 dias, 60 dias, depois negociações". Mas essas pessoas não sabem nada de história. Como disse Napoleão, guerras e negociações geralmente acontecem ao mesmo tempo.

Vou lembrá-los de alguns exemplos ruins, exemplos realmente ruins, mas ainda assim — durante a Guerra do Vietnã, os EUA e o Vietnã negociaram ao longo de 15 anos de conflito ativo. O mesmo aconteceu na Guerra da Coreia. Ou vejamos a Guerra Soviético-Finlandesa. Stalin ofereceu paz à Finlândia. Grã-Bretanha e França incitaram a Finlândia: "Não negociem com os soviéticos. Enviaremos ajuda, voluntários, forças expedicionárias." Mas ninguém veio. Os finlandeses foram deixados para lutar sozinhos. No final, enquanto as hostilidades continuavam, as negociações foram retomadas e a paz foi assinada. É assim que a história funciona — guerras e negociações andam de mãos dadas.

Talvez o exemplo mais ilustrativo seja a Grande Guerra do Norte com a Suécia. Durou 21 anos. Logo no início, Pedro, o Grande, ofereceu a paz. Ele disse: não precisamos de nada além de uma rota para o Báltico — São Petersburgo e um pouco de terra ao redor. De qualquer forma, essas são terras russas — a atual região de Leningrado, a maior parte da Carélia — tomadas de Novgorod séculos atrás. Mas Pedro nem sequer exigiu tudo isso de volta — apenas um acesso seguro ao mar. A Rússia não pode viver sem isso.

A Suécia disse não. O Rei Carlos XII prosseguiu com sua guerra sem sentido, ignorando as repetidas ofertas de paz de Pedro. E adivinhem quem o apoiou? Inglaterra e França, que financiaram a Suécia incansavelmente. Eventualmente, Rússia e Suécia iniciaram negociações de paz — as negociações de Åland em 1718. Mas Inglaterra e França pressionaram fortemente para bloqueá-las: "Nada de negociações diretas. Vamos mediar." Por quê? Porque lhes beneficiava ver duas grandes potências lutarem. As negociações fracassaram. Somente em 1721, após 21 anos, a Suécia finalmente assinou um tratado de paz — não apenas desistindo de São Petersburgo, mas também da Carélia, da região de Leningrado e do Báltico. E a Suécia perdeu seu status de grande potência — para sempre.

Antes da guerra, a Suécia controlava um milhão de quilômetros quadrados — o dobro do tamanho da França. O Mar Báltico era o mar interior da Suécia. Após a guerra, o país perdeu tudo, incluindo o norte da Alemanha, o Báltico e, por fim, a Finlândia.

A história se repete de maneiras impressionantes.

Bismarck, que foi embaixador em São Petersburgo e conhecia bem a Rússia, aprendeu russo, compreendeu nosso caráter e a afinidade natural entre a Rússia e a Alemanha, disse certa vez: Nunca tente enganar os russos ou roubá-los — porque eles voltarão para buscar o que é deles. Sempre. Essa frase — "Os russos sempre vêm buscar o que é deles" — continua sendo uma poderosa lição da história.

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