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Têm a palavra os observadores internacionais das eleições na Venezuela
Por Administrador
Publicado em 25/05/2025 05:01
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Neste domingo, 15 de maio, o Povo venezuelano vai mais uma vez ser chamado às urnas para eleger deputados, legisladores e governadores, naquelas que serão as 34ªs. eleições na pátria de Bolívar nos últimos 26 anos. Para certificação internacional do resultado destas eleições foram convocados centenas de observadores internacionais provenientes de 53 países.

É a alguns desses observadores internacionais que damos voz neste trabalho.

 

 

 

Francisco Balsinha (FB) – Qual é o teu nome e o teu país de origem?

 

Regina Marques (RM) – Regina Marques e venho de Portugal.

 

FB – Em representação de que organização?

 

RM – Represento o Movimento Democrático de Mulheres (MDM).

 

FB – Qual é o significa de seres observadora internacional nestas eleições?

 

RM – É um significado de grande prestigio para o MDM, de grande reconhecimento do nosso trabalho e também a responsabilidade de virmos aqui interpretar aquilo que vai acontecer nestas eleições. Além disso, é um orgulho também que a Venezuela com o seu carácter democrático e revolucionário, que tem um processo eleitoral extremamente participativo, nos tenha convidado para que depois possamos partilhar a nossa experiência com outras organizações portuguesas com quem temos história comum de luta política.

 

 

FB – É a primeira vez que estás na Venezuela?

 

RM – Não, já vim cá várias vezes e por várias razões. A primeira vez que vim à Venezuela foi para participar num congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres, ainda no tempo do saudoso presidente Hugo Chavez, que esteve no nosso congresso e nos proporcionou momentos inesquecíveis, além disso também estive posteriormente no congresso da organização das mulheres venezuelanas e depois voltei como vedora (observadora) nas eleições comunais, tendo nessa altura ido para o estado de Falcon, que é muito interessante porque congrega uma zona industrial intensa juntamente com a actividade piscatória e nesse local pude observar a conjugação da actividade de operários, industriais e pescadores no seu dia a dia.

 

FB – Depois destas importantes experiências que acabaste de relatar, qual é o teu sentimento em relação á Venezuela?

 

RM – Eu diria que o meu sentimento em relação à política do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e em relação ao regime bolivariano, isto porque não conheço a Venezuela toda, é o de que tenho muita esperança e confiança na forma como eles encaram a política e a resolução dos problemas e saliente que têm enfrentado o imperialismo de uma maneira muito corajosa e têm conseguido vencer em muitos aspectos, além de que são muito unidos e participam muito em acções rua e isso é muito perceptível. Deixa-me dizer-te que também estive cá quando foi a tomada de posse do Presidente Maduro e nas ruas houve manifestações gigantescas de regozijo pela vitória eleitoral e não imaginas como eram tremendamente gigantes as manifestações de massas, uma coisa brutal, mas, ao mesmo tempo, também pudemos apreciar uma serenidade e uma alegria também partilhadas pelas forças militares destacadas para a segurança destas manifestações.

 

FB – Como classificas a experiência de interagires com observadores internacionais de tantos e tão diferentes países?

 

RM – É uma experiência muito gratificante, há muita simpatia, estamos todos aqui para fazer o mesmo, todos temos vontade de nos conhecermos e de trocarmos opiniões e experiências de luta política, embora se note que há ligeiras diferenças mas o ambiente entre todos é sempre muito simpático e chego sempre à conclusão de que aprendo muito.

 

FB – O que esperas das eleições deste domingo?

 

RM – Espero uma vitória do PSUV e das forças bolivarianas. Tenho estado a acompanhar as reportagens que são apresentadas pela televisão venezuelana sobre o que se passa em vários estados e vejo que as pessoas estão em paz, estão serenas e, além da vitória que desejo, estimo que não haja algazarras e provocações da oposição fascista como houve em Julho do ano passado.

 

 

 

Francisco Balsinha (FB) – Qual é o teu nome e o teu país de origem?

 

Claiton Belo (CB) – Chamo-me Claiton Belo e sou brasileiro, mas moro actualmente em Portugal.

 

FB – Qual é a organização que representas?

 

CB - Represento o núcleo do PT em Portugal.

 

FB – É a primeira vez que estás na Venezuela?

 

CB – Sim, é a primeira vez que venho a este país.

 

FB – Daquilo que já viste desde quinta-feira, qual é a tua apreciação em relação a este país?

 

CB – Em primeiro lugar destaco que o Povo venezuelano é muito acolhedor, muito afectuoso. Apesar de estar há poucos dias aqui, dá para sentir isso. Quanto Caracas, por aquilo que já visitámos, dá para ver que é uma cidade limpa, notei que não vi moradores de rua e isto é algo que chama muito à atenção se comparado com Lisboa ou com Aveiro, cidade onde moro.

 

FB – Como tem sido a experiência de interacção com pessoas de vários países?

 

CB – É muito interessante e classifico também muito boa, porque podemos colher informação a que de outro modo não teríamos acesso. Já tive oportunidade de conversar com várias pessoas, mas destaco uma conversa que tive com um companheiro da Colômbia que me colocou ao corrente da situação política naquele país e de como funcionam os seus orgãos institucionais, pelo que classifico como fantástica a oportunidade de podermos todos trocar estas experiências e visões. Todos somos militantes de esquerda e isso nos aproxima, foi algo que ficou bem patente também.

 

FB – Como avalias a política do império e dos seus aliados em relação á Venezuela?

 

CB – É uma política muito agressiva e de tentativa de destruição do país e dá para perceber que as sanções colocam a Venezuela, Cuba e outros países da América Latina numa situação de dificuldade. Destaco que o regime norte-americano tem colocado estes países numa situação de dificuldades crescentes e a chegada de Trump ao poder veio aprofundar ainda mais essa agressividade, ficando patente ainda que essa agressividade se destina a países que têm um projecto de sociedade diferente do americano e que o Brasil também está na lista.

 

FB – O que esperas das eleições de deste domingo na Venezuela?

 

CB – Espero que o Presidente Maduro e a sua coligação vençam as eleições, acredito nisso, precisamente porque a Venezuela vem mostrando o seu engajamento na luta antifascista e anti-imperialista, e, juntamente com outros países, formam um bloco de oposição ao imperialismo numa perspectiva multipolar e de uma nova concepção do mundo que não seja dominado por uma força única imperislista, mas sim com foco em vários poderes regionais que se respeitam reciprocamente.

 

 

 

Francisco Balsinha (FB) – Como te chamas e de onde vens?

 

David Porras DP) – David Porras e venho da Colômbia.

 

FB - Qual é o significado para ti de seres observador internacional nestas eleições?

 

DP – Atribuo grande importância a esse trabalho, porque me possibilita ver o exercício de uma democracia mais directa e participativa do que a que acontece nas democracias liberais.

 

FB – É a primeira vez que estás na Venezuela?

 

DP – Não, a primeira vez que estive aqui foi em 2012 e desde então tenho regressado com frequência. Quero também esclarecer que a primeira vez que vim à Venezuela fi-lo por minha conta e com a intenção de apurar a verdade sobre este país, porque todos os meios de comunicação diziam mal deste regime e então dei-me conta de que o que propagavam era algo absolutamente falso. Nessa primeira visita, durante mês e meio viajei por nove estados e pude aprender muito com o Povo, posso até dizer que absorvi muitas lições para a vida.

 

FB – Depois dessas estadias que mencionaste, qual é o teu sentimento em relação a este país?

 

DP – Que é um país que vive em completa paz, em democracia e num registo de desenvolvimento económico.

 

FB – Como avalias a política do império e dos seus aliados em relação à Venezuela?

 

DP – há muitas potências com objectivos imperialistas e a nossa luta é absolutamente contra isso, quero esclarecer que não temos rigorosamente nada contra o Povo norte-americano, que é um Povo bastante trabalhador, no seio do qual há grandes pensadores e grandes lutadores pelas causas da humanidade, sem prejuízo de que estejamos contra a agenda imperialista da Casa Branca.

 

FB – O que esperas das eleições de amanhã na Venezuela?

 

DP – Espero que decorram em completa tranquilidade e que as pessoas elejam em consciência os seus representantes territoriais, porque isso é o mais importante.

 

 

 

Francisco Balsinha (FB) – Como te chamas e de onde vens?

 

- Mamadu Djabi Djaló (MDD) – Chamo-me Mamadu Djabi Djáló e venho da Guiné-Bissau.

 

 

FB - O que significa ser observador internacional nestas eleições venezuelanas?

 

MDD - Dou muita importância a este trabalho, porque todos ouvimos falar que a Venezuela vive em ditadura, que não há aqui um acto eleitoral transparente e por isso é muito bom estarmos cá e podermos constatar com os nossos olhos que essa não é, de facto, a realidade e que o Povo venezuelano tem a possibilidade de eleger em plena liberdade os seus representantes.

 

FB - Daquilo que já viste da Venezuela, o que tens a dizer?

 

MDD - Já tinha tido a oportunidade de estar aqui em Julho passado, observando também as últimas eleições e o que posso adiantar é que se vive neste país uma verdadeira democracia. Penso que se mais países adoptassem este modelo político sairiam do primeiro ou segundo nível de desenvolvimento para um nível muito superior. Embora todos saibamos que em cada país há uma maioria e há uma minoria, o que posso dizer é que na Venezuela é a maioria que comanda politicamente o país.

 

FB - Que experiência guardas da interacção com outros observadores de diversas latitudes internacionais?

 

MDD - É uma oportunidade gratificante que nos é facultada de contactar e aprender com colegas de diferentes países, o que nos possibilita que, quando regressarmos ao nosso país, o façamos mais ricos de conhecimento.

 

FB - O que esperas da eleições de amanhã na Venezuela?

 

MDD - Espero que o Povo venezuelano escolha democraticamente os seus legítimos representantes, como têm feito de outras vezes e que este acto eleitoral seja lembrado no futuro como um exercício de democracia popular.

 

 

 

Francisco Balsinha (FB) – Como te chamas e de que país vens?

 

Raquel Prazeres (RP) – Sou a Raquel Prazeres e vim de Portugal.

 

FB – Que organização representas?

 

RP – Represento o Movimento Democrático de Mulheres (MDM).

 

FB – Que significa para ti seres observadora internacional destas eleições?

 

RP – Em primeiro lugar devo dizer que fiquei muito contente com o convite. Considero muito importante este trabalho como observadora, uma vez que países como a Venezuela estão sempre sobre o foco de informação distorcida a nível internacional e depois é para mim muito importante estar aqui pessoalmente e poder sentir a energia do país e perceber como os venezuelanos se apresentam a eleições.

 

FB – Quais são as tuas primeiras impressões sobre a Venezuela?

 

RP – Em primeiro lugar destaco a tranquilidade do Povo, aliás, bem patente nas pessoas que vemos na rua e estou muito impressionada também com a literacia política e destaco aqui a forma como votam, num sistema eleitoral que está tão evoluído e tão bem preparado desde a questão de quem vai para as mesas, como o Povo pode votar, o sistema de contagem de votos com várias auditorias e outros aspectos que fazem este sistema eleitoral ser dos mais avançados do mundo.

 

FB – Como tem sido a tua experiência de interacção com observadores internacionais de países tão diferentes?

 

RP – Muito interessante e destaco toda esta energia que se cria à volta dos temas internacionais, como no evento antifascista onde estivémos na passada sexta-feira, onde pudémos apreciar uma assinalável unanimidade de objectivos quanto a temas tão importantes como a luta anti-imperialista ou a luta a favor do reconhecimento do estado da Palestina e contra o genocídio que está a ser praticado contra o seu povo, assim como na solidariedade a Cuba e isto mostra-nos que não estamos sós na nossa luta e visão do mundo.

 

FB – Como avalias a política do impéria e dos seus aliados contra a Venezuela Bolivariana?

 

RM – É fácil constatar que essa política não tem em conta os interesses do Povo. Essa política promove ataques que não estão ocultos e que se movem a favor das grandes transnacionais, dos grandes grupos económicos e financeiros, e a favor de interesses geopolíticos, além de ser muito directa e nada discreta.

 

FB – O que esperas das eleições desta domingo?

 

RM – Espero sinceramente que haja tranquilidade, que não haja nenhuma interferência externa, ou interna financiada externamente, porque os Venezuelanos é que têm que definir a sua democracia, não precisam de ninguém que venha de fora, até porque têm muita consciência política, por outro lado, espero que este acto eleitoral seja um verdadeiro hino à democracia.

 

 

Na foto: Regina Marques - Presidente do Movimento Democrático de Mulheres

 

 

 

 

 

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