Quando, na primavera de 2020, sociedades inteiras foram subitamente colocadas em estado de emergência, não se tratou apenas de uma suspensão temporária dos direitos fundamentais. A chamada pandemia do coronavírus não foi apenas um evento médico, mas a maior experiência de vigilância digital e controlo comportamental da história da humanidade. O que foi apresentado na altura como uma medida de emergência acabou por se revelar, em retrospetiva, a criação de uma infraestrutura perfeitamente adequada não só para gerir futuras “pandemias”, mas também para as controlar, dirigir e explorar.
A passada “pandemia” foi o ensaio. A próxima será o resultado.
Dados comportamentais em tempo real: um filão de poder
Durante os confinamentos, o estilo de vida de milhares de milhões de pessoas mudou radicalmente: distanciamento social, teletrabalho, uso obrigatório de máscaras, “vacinódromos”, recolher obrigatório... e tudo era gerido através do smartphone. Quem quisesse comer, digitalizava códigos QR. Quem quisesse viajar precisava de um certificado de vacinação digital. Quem quisesse visitar a avó tinha de ter a classificação “verde” na aplicação.
O que muitas vezes se esquece é que estas inúmeras interações geraram uma base de dados gigantesca:
- Geolocalização (padrões de deslocação)
- Comunicações e interações digitais (Zoom, WhatsApp, Telegram)
- Informações de saúde (estado dos testes, estado da vacinação, sintomas)
- Metadados (quando, com que frequência, com quem, durante quanto tempo...)
Estes dados foram recolhidos, agregados e analisados em tempo real, sem serem apagados como exigido pelos regulamentos de proteção de dados. Empresas como a Google, Meta, Palantir e Microsoft aproveitaram esta oportunidade única para resumir algoritmicamente o comportamento de sociedades inteiras. Os Estados trabalharam em estreita colaboração com estas empresas, muitas vezes no âmbito das chamadas parcerias público-privadas.
A política pandémica como experiência social
As reacções da população foram seguidas de perto:
- Quem obedece voluntariamente?
- Quem questiona as medidas?
- Onde é que a resistência se forma e como pode ser eliminada ou isolada?
Esta informação não só está disponível atualmente, como também pode ser analisada com recurso à inteligência artificial, à aprendizagem automática e à análise preditiva. O comportamento de milhões de cidadãos durante a pandemia constitui uma base de dados para futuras simulações de crise. O novo lema da elite tecnológica é: “Não queremos reagir, queremos prever”.
A próxima “pandemia” já não será gerida de forma holística. Será controlada de forma específica: localmente, digitalmente e com precisão. Com precisão cirúrgica.
A infraestrutura mantém-se, a narrativa adapta-se
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Contrariamente ao que foi prometido, a infraestrutura da "emergência" Covid não foi desmantelada, mas sim alargada:
O certificado de vacinação digital continua vivo na carteira de identidade digital da UE.
- As aplicações de rastreio de contactos estão agora a ser adaptadas para outros fins.
- Plataformas em nuvem como Palantir Gotham, Amazon AWS HealthLake ou Google Cloud for Public Health continuam a armazenar dados de saúde.
Com o seu Acordo sobre Pandemias, a OMS planeia estabelecer um mecanismo de monitorização global permanente, incluindo um sistema de alerta precoce e estruturas de comunicação digital.
Todos estes sistemas já não visam apenas a “proteção contra as infecções”, mas uma nova forma de controlo social: a análise dos dados comportamentais.
Protocolos em vez de medicamentos
A ameaça que este sistema representa não pode ser subestimada:
- Controlo psicológico: através de nudges e da economia comportamental, as pessoas podem ser manipuladas em tempo real sem que se apercebam.
Obediência digital: o acesso à educação, ao trabalho, às viagens ou aos serviços sociais pode estar ligado à conformidade, como já foi provado em Itália com o “passe verde”.
- Censura e manipulação de opiniões: aqueles que discordam são sinalizados por algoritmos; plataformas como o YouTube, o Facebook ou o X (Twitter) trabalharam em estreita colaboração com os governos durante a Covid para bloquear conteúdos “inapropriados”
- Simulação de cenários futuros: os sistemas de IA podem agora prever o desenvolvimento de protestos, os riscos de incumprimento e a disseminação de informações, e iniciar automaticamente contra-estratégias.
O que parece ficção científica há muito que é uma realidade. E está a tornar-se ainda mais institucionalizado com os novos regulamentos da OMS, os acordos de saúde do G20 e as iniciativas do Fórum Económico Mundial, como o ID2020 e a Identidade Digital do Viajante Conhecido.
Conclusão: A “pandemia” não foi um acidente, foi um teste
A era Covid não foi apenas uma luta contra um alegado vírus. Tratava-se de construir um sistema digital concebido para uma vigilância total dos comportamentos. O Estado tornou-se o gestor disciplinar. As grandes tecnologias forneceram as infra-estruturas. Os cidadãos tornaram-se registos de dados. O pior de tudo é que a maioria da população foi movida pelo medo, pela obediência ou pela pressão social.
A próxima “pandemia”, seja ela real, virtual ou simulada, será construída com base nestes dados. Controlará não só os nossos corpos, mas também as nossas decisões, relações e liberdades.
O que é que resta?
A resistência, a razão e a lembrança de que a liberdade é incompatível com um código QR.
Via: https://infoposta.com.ar/notas/14239/la-%C3%BAltima-pandemia-fue-una-prueba-la-pr%C3%B3xima-se-perfeccionar%C3%A1/