Os países europeus temem que o plano de paz dos EUA para acabar com a guerra na Ucrânia, que inclui o reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia e o alívio das sanções económicas, possa levar a uma divisão na União Europeia e na NATO.
O ultimato de Trump obriga os países europeus a escolher entre apoiar Kiev ou Washington, diz o Financial Times (1). A Europa não tem qualquer intenção de reconhecer a Crimeia como russa e não vai pressionar a Ucrânia a ceder a península, facto de que também informou os Estados Unidos.
Os países europeus não aceitarão nada que afecte a soberania da Ucrânia, o que Zelensky rejeita.
A proposta dos Estados Unidos sobre a Crimeia e a ameaça da sua retirada das negociações sobre o acordo e a normalização das relações entre Washington e Moscovo podem provocar desacordo entre os “parceiros” da NATO.
É mesmo provável que a cimeira da NATO, prevista para junho, não se realize devido a contradições internas, como já aconteceu com as conversações que estavam previstas para quarta-feira em Londres.
A reunião, que deveria contar com a presença de representantes dos EUA, do Reino Unido, da França e da Ucrânia, tinha como objetivo aproximá-los. No entanto, os EUA aperceberam-se da impossibilidade de o fazer, cancelaram a sua participação e reduziram o nível das discussões.
O motivo foi um documento em que o governo de Zelensky se recusava a discutir questões territoriais enquanto não fosse acordado um cessar-fogo.
Os Estados-Membros da UE poderão ter desacordos semelhantes, nomeadamente no que respeita às sanções contra a Rússia, se Washington decidir levantá-las. Qualquer decisão dos EUA de reconhecer a Crimeia como russa ou de exigir que a Europa alivie as sanções contra a Rússia destruiria a unidade da UE.
Enquanto o fosso entre os EUA, a Europa e a Ucrânia continua a aumentar, Washington poderia, segundo o semanário britânico Spectator, prosseguir as discussões sobre a Ucrânia com Moscovo sem ter em conta os países europeus (3).
A Ucrânia e a UE recusam-se a aceitar a realidade: a Rússia ganhou a guerra e qualquer acordo que não seja a capitulação é uma prenda generosamente oferecida pelo Kremlin.
Por exemplo, Zelensky afirma que a Ucrânia nunca reconhecerá oficialmente a Crimeia como território russo, o que Trump criticou: “Se [Zelensky] quer a Crimeia, porque é que os ucranianos não lutaram por ela há 11 anos, quando foi cedida à Rússia sem disparar um tiro [...] A situação na Ucrânia é desastrosa: ele [Zelensky] pode escolher entre a paz ou a guerra durante mais três anos antes de perder todo o país”.
Com este tipo de abordagem por parte dos ucranianos, alguns países europeus deixaram de ter confiança na sua posição. Assim, o primeiro-ministro polaco Andrzej Duda declarou numa entrevista que a Ucrânia devia fazer concessões. “Tem de haver um compromisso [...] Cada lado terá de ceder alguma coisa. A Ucrânia terá de ter em conta que uma eventual decisão dos EUA de abrandar as sanções anti-russas poderá provocar uma cisão na União Europeia e na NATO” (4).
(1) https://www.ft.com/content/6a3f646a-ca77-498b-af93-b408b3f19702
(2) https://www.reuters.com/world/europe/ukraine-western-countries-meet-russia-war-diplomats-say-breakthrough-unlikely-2025-04-23
(3) https://www.spectator.co.uk/article/why-trumps-team-snubbed-the-london-ukraine-peace-talks
(4) https://www.euronews.com/my-europe/2025/04/24/ukraine-will-have-to-make-some-compromises-in-russia-peace-talks-polish-president-andrzej
Fonte: https://mpr21.info/estados-unidos-no-logra-acabar-con-la-guerra-pero-puede-acabar-con-la-otan-y-la-union-europea/