Ao lado de Emmanuel Macron, o presidente brasileiro afirmou que “estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia”.
O presidente Lula denunciou na França, nesta quinta-feira (5), o “genocídio premeditado” de Israel contra os palestinos, principalmente mulheres e crianças na Faixa de Gaza.
Ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente brasileiro emocionou-se quando afirmou que os palestinos “são seres humanos como todos nós”. “Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia”, criticou Lula, indignado, durante fala para jornalistas.
No final da entrevista, Lula pediu desculpas “pela emoção” e afirmou que não se pode perder a capacidade de indignação.
Durante a entrevista, o presidente cobrou que os EUA e outras potências ajam para acabar com o genocídio. “O mundo se cala diante de um genocídio” em que vítimas são civis, e não soldados e integrantes do grupo terrorista Hamas. “O que está acontecendo em Gaza é um genocídio altamente preparado, contra mulheres e crianças. É contra isso que a humanidade tem que se indignar”, denunciou.
Lula rechaçou as falas criminosas de Donald Trump sobre retirar palestinos de Gaza para construir uma “riviera do Oriente Médio”. O líder brasileiro afirmou que o local não pode ser tratado como “área de lazer” e, sim, como um território conquistado pelo povo palestino depois de “muito sacrifício”. “Precisamos garantir que eles construam, em harmonia com o Estado de Israel, o direito de viver”, defendeu.
Para Lula, Benjamin Netanyahu faz uma guerra contra os interesses dos israelitas. “Ao povo judeu, também não interessa essa guerra. Interessa a paz”, disse.
O presidente lamentou que a ONU (Organização das Nações Unidas)está enfraquecida e tem grave déficit de legitimidade e eficácia” para preservar o território palestino.
“VITIMISMO”
Já na terça-feira (3), em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente condenou o que qualificou de “genocídio” do povo palestino na Faixa de Gaza, perpetrado pelo governo nazista de Benjamin Netanyahu, acrescentando que Israel “precisa parar com vitimismo”.
Ele afirmou que “um presidente não responde a uma embaixada, mas reafirma o que diz”, em referência aos ataques da embaixada israelita contra as posições do Brasil em relação ao genocídio.
“O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, é um exército matando mulheres e crianças”, declarou o presidente, afirmando em seguida que o próprio povo judeu desaprova o que está acontecendo em Gaza. “É a decisão de um governo que nem o povo judeu quer”, disse Lula.
Lula também mencionou o holocausto judeu, durante a Segunda Guerra Mundial, e reafirmou a necessidade de respeito ao acordo entre palestinos e israelitas em 1967, que delimitou fronteiras para estabelecer dois estados: um judeu e outro palestino.
“É exatamente por conta do que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino. Eles se comportam como se o povo palestino fosse cidadão de segunda classe. E nós temos dito há muito tempo, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o estado Palestino aqui na América do Sul, e eu volto a reafirmar: só haverá paz quando a gente tiver consciência de que o [povo] palestino tem direito ao seu Estado, à terra demarcada por aquele acordo de 1967 que o governo de Israel não quer deixar ser cumprido”, declarou.
“ANTISSEMITISMO“
O presidente argumentou: “E vêm dizer que é antissemitismo. Precisa parar com esse vitimismo. É o seguinte: o que está acontecendo na faixa de Gaza é um genocídio. É a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra”, declarou Lula, em referência às acusações de antissemitismo ao que apontou como genocídio em Gaza.
O presidente Lula foi questionado por jornalistas sobre as declarações de autoridades dos Estados Unidos a respeito da atuação do judiciário brasileiro, sobretudo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
No final de abril, foi publicado um artigo do mandatário brasileiro num jornal israelita em que ele diz, claramente, que o atual governo de Israel está cometendo crimes de guerra na Faixa de Gaza, com uma “matança indiscriminada” de civis.
TRUMP
As declarações de Lula fazem, hoje, um contraponto à postura, também, do presidente Donald Trump dos EUA, cujo governo tem apoiado a ditadura de Israel e a carnificina que promove em Gaza, e soma-se às crescentes manifestações em todo mundo de condenação genocídio contra os palestinos.
O presidente, na mesma entrevista coletiva, também criticou o governo norte-americano pelas ameaças e ataques que vêm fazendo contra o Poder Judiciário brasileiro, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Primeiro, é inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo dê palpite sobre a decisão da Suprema Corte de um outro país. Se você concorda ou você não concorda, silencie, porque não é correto você dar palpite”, disse Lula. “Eu acho que os Estados Unidos precisam apenas compreender que respeito à integridade das instituições de outros países é muito importante. É muito importante porque nós achamos, sabe, que um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro, querendo punir um outro país. Isso não tem cabimento”, declarou Lula.
Fonte: https://horadopovo.com.br/lula-indignado-denuncia-na-franca-o-genocidio-premeditado-de-israel-em-gaza/