Primeiro-ministro diz que 'ativar' grupos criminosos de Gaza irá desencadear conflitos internos palestinos e 'salvar vidas de soldados israelenses'
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu admitiu que seu país está armando gangues em Gaza , que foram acusadas por grupos de ajuda de roubar ajuda humanitária vital, em uma tentativa de combater o movimento palestino Hamas.
Netanyahu disse na quinta-feira que seu governo havia "ativado" poderosos clãs locais no enclave a conselho de "autoridades de segurança", horas depois de o ex-ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, alegar que a gangue apoiada por Israel era afiliada ao grupo Estado Islâmico.
"Usamos clãs em Gaza que se opõem ao Hamas... O que há de errado nisso?", disse Netanyahu em um vídeo postado no X.
"É apenas algo bom. Salva a vida de soldados israelenses."
Horas antes, o gabinete de Netanyahu disse que "Israel está trabalhando para derrotar o Hamas de várias maneiras, seguindo a recomendação de todos os chefes do sistema de segurança".
Imagens de satélite e vídeos vistos pelo jornal israelense Haaretz mostraram que a gangue apoiada por Israel expandiu sua presença no sul de Gaza e estava operando dentro de uma área sob controle direto do exército israelense.
Segundo relatos da mídia, a gangue é supostamente liderada por Yasser Abu Shabab, um morador de Rafah de uma família beduína, conhecido localmente por seu envolvimento em atividades criminosas e saques de ajuda humanitária.
Acredita-se que a gangue de Abu Shabab, que se autodenomina "Serviço Antiterrorista", seja composta por cerca de 100 homens armados. O Times of Israel noticiou na quinta-feira, citando fontes anônimas da defesa, que Israel havia fornecido aos membros da gangue fuzis de assalto Kalashnikov, incluindo algumas armas apreendidas do Hamas.
Horas antes, Lieberman, um parlamentar da oposição, alegou que a gangue de Abu Shabab era afiliada ao grupo Estado Islâmico.
“O governo israelense está dando armas a um grupo de criminosos e criminosos, identificados com o Estado Islâmico, sob a direção do primeiro-ministro”, disse Lieberman, que lidera o partido de oposição Yisrael Beiteinu, à rádio pública Kan Bet.
"Até onde sei, isso não passou pela aprovação do gabinete."
Autoridades do Hamas disseram à Reuters que Abu Shabab era procurado por "colaborar com a ocupação contra seu povo". As autoridades disseram que combatentes do Hamas mataram pelo menos duas dúzias de homens de Abu Shabab antes de janeiro, após eles supostamente terem saqueado caminhões de ajuda humanitária.
Anas al-Sharif, da Al Jazeera em árabe, relatou no início de maio que as forças israelenses atacaram lojistas e equipes de segurança locais de Gaza que tentavam proteger as lojas de saques e caos.
Asaad al-Kafarna, um policial em Gaza, foi morto por forças israelenses perto de um restaurante em 2 de maio após perseguir saqueadores armados acusados de colaborar com o exército israelense.
Em resposta a esses saques cometidos por gangues, várias famílias influentes em Gaza publicaram declarações denunciando as cenas.
"Essas gangues agem de acordo com os objetivos da ocupação", escreveu a família Madhoun na época.
Em novembro, um memorando interno da ONU obtido pelo Washington Post revelou que as gangues “podem estar se beneficiando de uma benevolência passiva, se não ativa”, ou “proteção” das tropas israelenses.
Um desses líderes de gangue, de acordo com o memorando, estabeleceu um “complexo de tipo militar” em uma área “restrita, controlada e patrulhada” pelos militares israelenses.
Comentaristas sugeriram que, ao apoiar gangues criminosas e atacar membros da administração civil de Gaza, Israel estava tentando criar um vácuo de poder e ilegalidade.
No início deste mês, a família Abu Shabab renunciou a Yasser por suas conexões com o exército israelense, dizendo que ele e qualquer pessoa que se juntou ao seu grupo "não estão mais ligados" à família.
Middle Easy Eye, 6 de Junho de 2025
https://www.middleeasteye.net/news/netanyahu-israel-backing-gangs-gaza-counter-hamas
