A situação económica da França é desesperada. Com um défice público de 6,3% do PIB no ano passado, é o país da zona euro com o maior buraco, muito à frente da Itália (2,3%) ou mesmo da Grécia, que regista agora um excedente.
A grande questão é saber até que ponto o colapso da França irá arrastar os outros países europeus.
Nem o rearmamento nem a histeria anti-russa conseguirão encobrir o colapso. O Governo tem de pegar na tesoura, não só para comprar armas, mas também para pagar a gigantesca dívida. A crise exige mais trabalho e menos salário e, sobretudo, uma boa campanha de intoxicação para que os franceses a aceitem sem barricadas, com bom humor.
Já há quem fale em prolongar o dia de trabalho, em acabar com as férias e os feriados. Para Amelie de Montchalin, ministra das Contas Públicas, trabalhar mais tempo eliminando os feriados “é uma espécie de pacto coletivo”.
O diário Le Monde apela a uma “mobilização geral dos franceses” para poupar 43,8 mil milhões de euros no orçamento de 2026. Mas os números não batem certo: a cada segundo que passa, a dívida aumenta 5 mil euros.
As outras medidas são demasiado comuns: aumento de impostos, aumento de tarifas, cortes nas pensões e nas prestações sociais, na saúde, na educação, na habitação, nos transportes... As consequências são óbvias: os reformados, que até agora apoiavam Macron, pensam votar na “extrema-direita”, segundo as sondagens.
“A França está entre a espada e a parede”, confessa Sophie Primas, porta-voz do Governo. O primeiro-ministro François Bayrou compara a situação da França à da Grécia em 2008, com a diferença de que a União Europeia não pode assumir a dívida da França devido à sua dimensão.
Os capitalistas franceses têm pouco a fazer. As taxas de pobreza são já muito elevadas, as mais altas dos últimos trinta anos.
Se sobrar dinheiro público, este irá para as empresas de armamento. No meio de políticas de austeridade, Macron anunciou despesas militares adicionais de 6,5 mil milhões de euros. O Presidente francês é acusado de se preocupar mais com a Ucrânia do que com o seu próprio país.
Os cortes orçamentais vão passar ao lado do parlamento e dos debates públicos. O primeiro-ministro vai recorrer a uma disposição constitucional para os aprovar por decreto, o que poderá desencadear uma moção de censura contra o Governo.
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Fonte: https://mpr21.info/el-hundimiento-economico-de-francia-arrastrara-consigo-a-los-demas-paises-europeos/