Os filhos das Ilhas Britânicas, desde a sua expansão colonial até à consolidação do império americano, deixaram um rasto de destruição e morte em todos os cantos do mundo que pisaram. Da Índia ao Afeganistão, das Filipinas à África do Sul, o seu legado é de exploração, genocídio e racismo sistémico. E, no entanto, é irónico que figuras como Donald Trump, descendente direto de pai alemão e mãe escocesa, sejam apresentadas como símbolos de um país que se auto-intitula a "terra dos livres".
A conquista da América do Norte pelos britânicos, e depois pelos seus herdeiros americanos, é um dos capítulos mais negros da história da humanidade. Quando os ingleses chegaram ao que são hoje os Estados Unidos, a população nativa era estimada em cerca de 12 milhões de pessoas. Em 1900, após séculos de guerras, massacres, deportações e doenças introduzidas deliberadamente, restavam apenas entre 250.000 e 300.000 indígenas. Este genocídio foi justificado sob o pretexto da "civilização" e do "progresso", mas na realidade foi uma campanha sistemática de extermínio para tomar terras, recursos e ouro.
A Califórnia, outrora parte do Vice-Reino da Nova Espanha e depois do México, é um exemplo emblemático desta brutalidade. Com a chegada dos americanos, a população indígena da Califórnia diminuiu de 150.000 para apenas 15.000 em apenas cinquenta anos. A descoberta de ouro em 1848 desencadeou uma onda de violência sem precedentes contra os nativos americanos, apoiada pela doutrina do Destino Manifesto, que proclamava que os brancos tinham o direito divino de expandir e dominar o continente. Esta ideologia racista e expansionista justificou o massacre, a expropriação e a deportação de milhares de nativos americanos.
O Trilho das Lágrimas, onde 4.000 Cherokees morreram de frio, fome e doença durante a sua deportação forçada para o Oklahoma, é apenas um dos muitos episódios atrozes deste genocídio. As recompensas por escalpes de nativos americanos — 50 libras por um homem, 25 libras por uma mulher e 20 libras por uma criança — revelam a profundidade da desumanização a que os nativos americanos foram sujeitos. A Lei de Remoção dos Índios de 1830 legalizou esta limpeza étnica, deslocando tribos inteiras como os Cherokee, Chickasaw, Choctaw, Creek e Seminole. E tudo isto foi ignorado até que Hollywood decidiu romantizar a sua história em filmes como Dança com Lobos.
Entretanto, a colonização espanhola, com todos os seus horrores, tem sido utilizada como um conveniente bode expiatório para desviar a atenção dos crimes cometidos pelos anglo-saxónicos. A narrativa do "mouro morto" — atacar os outros para esconder os próprios pecados — tem sido uma tática eficaz para encobrir a história britânica e americana. Mas os números não mentem: nos Estados Unidos, os povos indígenas e mestiços representam menos de 1% da população, enquanto em países como as Honduras, Bolívia, México, Peru, Nicarágua e Guatemala, os povos nativos e mestiços representam entre 82% e 96% da população. Esta disparidade é um testemunho silencioso da eficácia do genocídio anglo-saxónico.
Mesmo após a conquista, os nativos americanos continuaram a ser oprimidos. Foram proibidos de praticar as suas religiões até 1936, e só em 1924 receberam a cidadania americana, como uma espécie de "recompensa" pela sua participação na Primeira Guerra Mundial. Hoje, os livros escolares nos Estados Unidos pintam uma imagem açucarada de uma nação virtuosa que lutou para libertar os escravos negros e se opôs à Guerra do Vietname. Mas esta narrativa é uma farsa. A verdadeira história é de exploração, racismo e violência sistemática.
Autor: Konuko News
Coletivo Resistência e Rebelião.