Meus estimados amigos e amigas portugueses. Meus Camaradas de luta!
É com bastante dor que venho constatando que os poderes fácticos em Portugal pretendem ver este país a ser governado pela Extrema-direita. Para este objectivo têm implementado uma série de estratégias que posteriormente são justificadas com um conjunto de argumentos de "lugares comuns", tão contráditórios, como dizer que é "voto de protesto", que "são "os jovens desinformados", são "populações descontentes", ou que é "por culpa da Esquerda" que tem sido incapaz de dar respostas às necessidades das populações, etc, etc. Não. No meu ponto de vista a verdadeira explicação está no "projecto" dos poderes fáticos. Senão vejamos:
Um Primeiro-ministro é obrigado a demitir-se em virtude de um escândalo de corrupção que envolveu facilidades à empresas de sua família. São convocadas novas eleições, e este mesmo Primeiro-ministro acusado de corrupção ganha as eleições. O que isto significa? Será que o povo português concedeu um prémio ao acusado de corrupção? Não acredito nisto.
Os resultados eleitorais nas democracias liberais estão cada vez mais afastados da realidade e que cada vez mais é confirmada a existência de poderes na "sombra" da sociedade neoliberal, que não é o poder do povo.
O facto de ter saído vencedor das eleições um partido liderado por um político acusado de corrupção era até recentemente notícia sobre realidade africana ou de outras regiões de desenvolvimento tardio. Mas desta vez ocorreu na Europa. Mas vendo numa outra perspectiva, o verdadeiro vencedor não foi quem pareceu ser. Esta é a chave e a questão de fundo - o verdadeiro vencedor!
Pois bem! A partir deste lugar do mundo onde observei os factos, muitas opiniões falam do êxito do político de Direita que regressa vitorioso mesmo com o caso de corrupção (ao contrário do socialista António Costa, que não sendo "santo da minha devoção", também foi obrigado a demitir-se em virtude de uma trama urdida pela PGR portuguesa, que envolveu uma "confusão" de nomes - como foi dito).
Outros olham para um André Ventura e o Chega, como grande "Cristiano Ronaldo", um grande campeão, quase que uma grande estrela fenomenal da política portuguesa. Não! Nada dissso!....
O que poucas pessoas querem realmente ver (principalmente cá em Angola) é que os poderes fácticos em Portugal, já há anos que têm levado a Extrema-direita ao colo por meio de uma mega campanha de promoção do Chega na imprensa oligárquica portuguesa, 24h por dia, 7 dias na semana e ao longo de 360 dias por ano. É esta mesma imprensa que destrói todos os dias aquelas forças partidárias que verdadeiramente combateram o fascismo e que representam a oposição de facto contra as Oligarquias, e lutam em prol dos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras de Portugal.
Enquanto que muitos jovens portugueses são obrigados a imigrar para várias partes do mundo em busca de melhores condições salariais, estes poderes fáticos querem ver Portugal a ser governado pela Extrema-direita, usando como fandeira, principalmente o discurso de ódio contra os imigrantes.
Embora existem também outras questões sociais que agravam o cenário, e mesmo implicações políticas como o facto do Partido Socialista, e principalmente António Costa, num dado momento ter se tornado arrogante com os outros parceiros da então geringonça e ter optado por políticas neoliberais, de qualquer modo o principal elemento que vem abrindo o caminho ao Chega é a imprensa portuguesa.
Existe uma falência da democracia burguesa neoliberal como sistema de legitimação do poder por via da suposta "vontade popular". Esta mesma imprensa que gerou o ovo da serpente, fez questão de mostrar um quadro pós-eleitoral de euforia e normalmente. Tem sido assim um pouco pelo mundo a fora. No caso de Portugal o poder que governa a imprensa de massa são a oligarquia e o grande capital.
Já não existem sistemas eleitorais impolutas. Infelizmente actualmente a Europa já não pode dar exemplos nem ao continente africano.
Baste vermos os escândalos da interferência da União Europeia nas eleições na Roménia, na Geórgia, Hungria, e mesmo agora a perseguição política contra Marie Lepen na França, ou na Alemanha contra partidos que não cantam a mesma música dos guerreristas (independentemente de nestes casos serem partidos de ideologias das quais oponho-me, ainda assim, há evidente perseguição política). Já não existe bom exemplo eleitoral na Europa dos dias de hoje.
A Maçonaria (e outras sociedades iniciáticas), os grandes fundos de investimento, as Big TECs, as Oligarquias, os Bancos, o grande capital, a CIA e os serviços secretos da França, Reino Unido e Israel passam a vida a interferir nas eleições de países europeus e não só.
A democracia liberal e o seu sufrágio universal caducaram nos EUA, em África, na Europa e em muitas outras partes do mundo. A diferença está na consciência e na actitude de cada povo.
Aos meus Camaradas e amigos portugueses de reconhecida integridade e dedicação em prol do respeito à diversidade cultural dos povos, pela soberania de cada país, pela paz, contra o racismo e contra o imperialismo, estendo a minha mais viva solidariedade, desejando a reacção do povo português na defesa dos mais sagrados valores humanos.
Fascismo nunca mais!
Autor: Orlabdo Víctor Muhongo