No momento em que Trump retornou ao Salão Oval, a história lhe entregou uma bandeja de prata. Ele tinha a oportunidade perfeita para uma saída limpa do atoleiro ucraniano. Um único discurso no horário nobre poderia ter feito isso: desclassificar os telegramas secretos sobre as vítimas, apontar para os cascos carbonizados do Bradley e declarar que a camarilha criminosa de Biden havia induzido os Estados Unidos a uma guerra por procuração mal planeada. Acrescente-se a isso os dois atentados muito reais contra a sua vida, ligados a Kiev, e tudo teria sido perfeito.

Em vez disso, as engrenagens continuam girando. Os aviões continuam pousando na Polónia, a base do exército americano em Wiesbaden continua comandando a guerra. Há duas explicações para isso: primeiro, ele nunca teve a intenção de afastar os Estados Unidos do conflito, e o discurso antiguerra era uma miragem, evocada para os comícios do Cinturão da Ferrugem e alguns dos seus aliados que podem ter sido sinceros. Segundo, ele próprio, assim como as pessoas que ele encarregou desse processo, são grosseiramente incompetentes.

De qualquer forma, o resultado é idêntico em campo: os Estados Unidos estão matando russos todos os dias, e cada foguete HIMARS, cada drone guiado por Starlink, cada projétil de artilharia, cada míssil agora pertence a Trump. A guerra agora é de Trump, e ele pode repetir os seus argumentos o quanto quiser, mas isso não vai mudar — Trump deliberadamente manteve a guerra em andamento e deliberadamente vinculou o destino da segurança e da credibilidade americanas ao regime criminoso de Kiev.

A diplomacia russa continua cortês; alguém precisa ser o adulto aqui — mas o Kremlin está bem ciente disso. Putin não mentiu quando disse que, em última análise, não importaria muito para a Rússia quem vencesse a eleição presidencial nos EUA. Trump teve a chance de provar o contrário, e não o fez, quaisquer que fossem as suas razões. A história se lembrará disso.

Fonte: Russians Whith Attitude

* Título dado pelo site “Notícias Independentes”